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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Como disse noutro post, no início do ano a Polícia Federal se negou a me conceder um passaporte, de modo ilegal. No fim de fevereiro, entrei com um processo administrativo contra essa decisão, alguns dias depois um agente nos ligou, falou com Silvia, pediu desculpas e disse que poderíamos voltar lá a qualquer hora para tirar a foto e as digitais requeridas pelo passaporte. Foi o que fizemos na semana passada. Ao chegarmos, a policial que ficava no balcão de atendimento estava falando com uma família, quando terminou perguntou se alguém mais queria retirar o passaporte como se Silvia – que também tem direito a atendimento prioritário por estar grávida – e eu não estivéssemos lá, até outra cidadã, que chegou depois de nós, chamar a atenção para o fato de termos prioridade. Então o agente que havia nos ligou apareceu, percebeu quem éramos e a mandou tirar imediatamente minhas digitais e foto. No fim, tal policial se tornou simpática, aparentemente porque meus dois primeiros nomes são, respectivamente, o do avô e do pai dela. Meu passaporte fica pronto até 6 de junho.
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Este editorial é do Jornal de Aldeia, cidade da região metropolitana de Recife.
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Ontem, Silvia e eu almoçamos num restaurante simples porque nossa empregada não veio trabalhar, a dona nos reconheceu apesar de não irmos lá há uns sete meses e foi falar conosco – agora que viu Silvia grávida é que essa pessoa não vai nos esquecer mesmo! Ela saiu do restaurante se divertindo com a ideia de que somos um casal “exótico” que chama atenção e provoca comentários por onde passa. Ela é conservadora, toda certinha, e talvez por isso mesmo a agrade muito o aspecto incomum que o relacionamento comigo trouxe à sua vida.
Está ficando evidente que muitas pessoas se encantam, entusiasmam, solidarizam com nossa história de amor, reação que às vezes temos certa dificuldade de compreender porque, para nós, estamos apenas tentando viver do melhor modo possível e ir atrás dos nossos desejos, como todos fazem, sem a menor pretensão de sermos lição de vida para ninguém. Para mim, é algo meio desconfortável porque me recuso terminantemente a fazer o discurso da “superação” e bancar o herói, super-homem e correlatos, inclusive porque entre pessoas com deficiência há inúmeras histórias como a minha – sempre que tal reação acontece, penso na música Cawboy Fora da Lei de Raul Seixas. Acho que se tal reação tiver algum fundamento, é que mostramos o que qualquer ser humano pode eventualmente fazer, e não que somos em algum sentido melhores que os outros.
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Na segunda vez que Silvia e eu fomos ao Bagdá Café – o lugar que acho mais divertido em Curitiba –, o proprietário do estabelecimento me reconheceu. No penúltimo domingo, assistimos uma apresentação de chorinho na Feira do Largo da Ordem, uma idosa se lembrou que já tinha nos visto num shopping center há ao menos sete meses atrás e saímos de lá rindo, nos perguntando se estamos virando personagens de Curitiba. Será?
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Muitas pessoas com paralisia cerebral sem déficit cognitivo sentem desprezo, raiva, julgam-se superiores a quem tem deficiências que causam tal déficit, como síndrome de Down, autismo, muitos casos de PC, etc. E devido à generalização indevida das questões de sexualidade dos tetra e paraplégicos, algumas outras têm a mesma atitude quanto a estes. Nenhuma dessas duas categorias de pessoas tem, nem podem ter, qualquer responsabilidade pelas imagens que a sociedade faz a nosso respeito.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Ontem, aconteceu o chá de bebê da nossa filha, no apartamento da irmã mais velha de Silvia. Considerei ficar em casa, mas Silvia achou tempo demais para ficar sozinho e fui o único homem presente. Foi um mico! Devia também ter cervejada de bebê, só para homens – que discriminação!
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Sempre que as pilhas do teclado acabavam, pedia para alguém trocá-las. Hoje de manhã, quis usar o computador de Silvia enquanto ela estava fora de casa e eu, sozinho. Ao botar o teclado no chão – o uso com os pés –, as pilhas saltaram para fora, resolvi tentar recoloca-las, o fiz de modo errado, tirei de novo e botei mais uma vez, agora corretamente.
Desde que saí da casa da família para me casar, fiquei mais independente.
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Após nossa filha nascer, será impossível sairmos com Silvia a segurando enquanto anda comigo ou empurra minha cadeira de rodas, principalmente se suas filhas estiverem presentes. A solução que encontramos é eu usar um sling para a carregar. Não é arriscado como pegá-la nos braços, mas nas duas vezes em que coloquei o sling me senti uma múmia!
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Tenho uma paralisia cerebral, adquirida no nascimento, que me impede de falar, andar, comer, trocar de roupa, etc, sem ajuda de outra pessoa. Contrariando o destino mais comum para quem tem essa deficiência, salto de paraquedas, já voei de parapente, casei com uma linda mulher, em breve serei pai, entre outras coisas. Mantenho este blog patrocinado sobre minhas experiências, com o objetivo de mostrar que quem tem paralisia cerebral é uma pessoa de carne e osso, como qualquer outra. Se você conhecer uma empresa que possa patrocina-lo, entre em contato comigo.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Quando Silvia, no início de 2015, perguntou o que o apartamento precisava ter para facilitar minha estadia em Curitiba, a primeira coisa em que pensei foi um urinol, para me permitir urinar sozinho. Houve um mal-entendido, ela comprou um coletor de urina, após passar uns vinte minutos tentando infrutiferamente explicar o que queria deixei a boa educação de lado e disse que era de um pinico que precisava!
Sempre que comecei a dormir, conviver com uma mulher que realmente me interessava, tive prisão de ventre – nas vezes em que isso não aconteceu, acabei a rejeitando. Após meu irmão voltar para Recife, fiquei três ou quatro dias sem conseguir defecar e, depois, ainda tive de ensinar a Silvia o melhor modo de me limpar.