Quem morou em Curitiba e se muda para João Pessoa, em poucas semanas fica espantado com o grau de infração às leis de trânsito, com a consequente imprudência, e já ouvi gente exagerar que sente-se na Índia ou no Paraguai – não chega a tanto. Desde o início da Internet na década de 1990, nunca fiz um cadastro que pedisse a imagem do CPF e aqui já vi dois que a requereram – é uma exigência tão descabida que quem recebeu tais cadastros contentou-se com a face do RG que tem o CPF mas, por via das dúvidas, peguei essa imagem na Receita Federal. Num desses cadastramentos, fui solicitado a corrigir o RG porque faltou os pontos e, ao tentar fazê-lo, constatei que o campo correspondente só aceitava números – pensei que algum funcionário engraçadinho deve ter lido Kafka(!); contornei o problema dizendo, noutro campo, que a solicitação era incompatível com o formulário, mas alguém menos desembaraçado poderia ter ficado sem saber como proceder.

No nosso primeiro encontro, adverti Silvia que talvez fosse melhor morarmos em Curitiba em vez de Recife porque ela acharia ruim a desorganização do Nordeste e, quando surgiu a ideia de virmos para João Pessoa, esta foi minha primeira objeção. Já aqui, até recentemente pouco me incomodava com esse problema diretamente, por ser esperado, mas sentia muita raiva ao ver Silvia desatar a reclamar dessa falta de organização e querer voltar para Curitiba – num segundo momento, a raiva voltava-se contra mim mesmo, por ter concordado com essa mudança. Essas situações não acontecem há um mês ou mais e, ao menos por hora, ela está gostando de João Pessoa, porém nesta semana parece que atingi meu ponto de saturação com o fato de frequentemente me deparar com coisas mais enroladas, complicadas, difíceis aqui, mesmo em comparação com Recife – além dos exemplos dados no parágrafo anterior, poderia citar inúmeros outros.

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