O termo Übermensch usado por Nietzsche geralmente é traduzido como Super Homem, mas há filósofos que preferem além-do-homem porque se refere a um tipo de pessoa capaz de se auto superar, inclusive em suas fraquezas e fragilidades, e não que tem alguma superioridade sobre os outros. Por esse conceito tocar em algo profundo da psique humana e/ou pela difusão das ideias de Nietzsche, é frequente que alguém com deficiência que consegue superar as expectativas da sociedade e da família ser chamado de Super Homem (ou Mulher). Com este substrato, um grande segmento da mídia gosta de mostrar pessoas com deficiência “vencedoras” para validar a proposta do neoliberalismo progressista, de que qualquer problema social pode ser resolvido pelo mercado, esforços individuais e reconhecimento para minorias e as mulheres – é o que chamo de ideologia da superação. Acontece que ninguém gosta de viver lutando contra o próprio corpo – no caso, as partes do cérebro responsáveis pela coordenação motora – e, embora tenha conhecido um homem com PC que emoldurava esta condição com a filosofia nietzschiana, as outras pessoas com essa deficiência que vi se pronunciarem a respeito recebem a tal elogio com certo incômodo, irritação, ranger de dentes, não acharam muita graça – particularmente, nesse contexto sempre lembro da música “Cowboy Fora da Lei” de Raul Seixas. O único aspecto inequivocamente bom que vejo na auto superação é que, ao menos no meu caso, foi um forte atrativo para as mulheres😉
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