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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Como disse noutro post, o uso do tablet estava fazendo Clara se reaproximar de mim. Essa reaproximação se consumou e já não é totalmente dependente do tablet – tem acontecido de Clara ficar muito tempo comigo sem ligar tal dispositivo. Estou feliz com isso.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Amanhã, íamos passar uma semana em Recife, viagem que foi marcada em março e que tivemos de cancelar porque quase todos adoecemos, inclusive Silvia, e por vários problemas com meus pais e irmãos. Fiquei bem triste.
Ao ser colocada no berço para dormir, em geral Clara passa um bom tempo balbuciando, rolando, brincando de dar os pés para eu acariciar, etc. No entanto, na noite do dia do cancelamento ela foi logo se aquietando para dormir, três ou quatro vezes achei que ela tinha caído no sono, mas quando tentava sair do quarto a ouvia falar "papai, papai, papai..." e tinha de voltar. Só consegui que Clara dormisse quando vi que estava percebendo minha angústia e tratei de me acalmar.
Como não imaginava que uma bebê de um ano e dez meses pudesse ser tão sensível ao estado emocional do pai, narrei o episódio no grupo do WhatsApp sobre Clara. Sua madrinha – uma fonoaudióloga que é uma das minhas melhores amigas e já trabalhou e estudou muito sobre bebês – ressaltou a sensibilidade não de Clara, mas a minha, dizendo que muitos pais não percebem que suas emoções afetam seus bebês.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Fomos ao Parque Barigui no último sábado e ficamos ao lado do restaurante no qual me despedi do meu irmão, quando ele veio nos ajudar no início da vida de Clara, o que me trouxe à memória o estado de espírito com que eu estava na ocasião; o pânico não expresso por estar numa condição – a paternidade – que sempre quis evitar a todo custo, a suposição de que nada poderia fazer para cuidar dela, o medo de Silvia ter uma estafa, de que nosso casamento fosse inviável e eu ter de voltar para Recife, etc. Tudo aquilo foi somatizado na boca cheia de aftas, zumbido nos ouvidos, rigidez muscular tão alta que às vezes quase impedia de me mover. Mas aquele estado de espírito também incluía não ser homem de fugir da raia – a exemplo do meu pai –, a determinação de não abandonar a mulher que amo e a minha filha, de fazer o (supostamente) pouco que podia e ficar alerta para as possibilidades de ampliar minha participação, que se tornou bem maior do que eu podia imaginar – mas é óbvio que vencemos o desafio muito mais pela força e a capacidade de Silvia.
Hoje, acho que haver tido Clara foi a melhor coisa da minha vida e não sei traduzir em palavras o contraste entre esta situação de felicidade e aquele estado de espírito.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Devo estar com faringite e, ontem à noite, fui com Silvia a um hospital. Pelo que esta e a nossa diarista falaram, parece que Clara percebeu que estou doente e, quando voltamos, em vez de se grudar com Silvia, como sempre faz, ela ficou comigo como se estivesse preocupada.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
“Não” é uma das poucas palavras que falo de modo inteligível e, ontem, Clara demonstrou que já entende quando a digo: à noite, ela quis escalar a cadeira de alimentação, ao ouvir meu “não” choramingou, mas recuou; duas horas depois, no berço pegou duas vezes o fio da babá eletrônica, ao escutar o que falei Clara o largou e se deitou sem reclamar.
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Clara é a única da sua turma do berçário que, quando a mãe vai busca-la, guarda o que está usando antes de sair, assim como às vezes faz em casa. Como esta e as irmãs são bem bagunceiras, Clara só pode estar seguindo o exemplo do pai, o único que ela vê guardando as coisas. Duvido que esse comportamento perdure com tantos exemplos em contrário, mas mostra que ela presta muita atenção em mim.
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Com a chegada do outono, começaram as doenças respiratórias e Clara passou dois dias sem poder ir ao berçário devido a uma gripe. Ontem à noite, Silvia precisou trabalhar, trancou-se no quarto, quando fechou a porta comecei a bater num tambor de brinquedo, Clara pegou um pandeiro para fazer o mesmo e ficou um bom tempo cantarolando – a única palavra inteligível que falava era “papai”. Foi hilário e emocionante. Depois, passamos uns 30 minutos assistindo vídeos no Youtube nos quais ela voltou a se sentar espontaneamente no meu colo.
Parece que Clara está se reaproximando de mim e a chave para isso é ficarmos sozinhos.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Das minhas tentativas de fazer Clara voltar a ficar perto de mim, a primeira que deu certo foi tocar músicas infantis no Spotify, mas ela logo passou para os vídeos destas no Youtube. Quando ouve o som das músicas no meu tablet, ela vem se sentar ao meu lado, na varanda.
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O último post me fez receber, num grupo do WhatsApp, um elogio à clareza dos meus textos. De fato, gostar de clareza faz com que esta seja uma característica intencional do modo de me expressar e foi um dos motivos para o nome de Clara. Porém, logo achei o elogio engraçado porque o tema daquele post era uma ambivalência minha – me incomodo por ser visto como um super-homem, mas às vezes me sinto como tal. Outro traço do meu estilo de escrever é mostrar ambiguidades e ambivalências sem dar uma solução a elas – quando ensaio resolve-las, me sinto como se estivesse apenas confabulando. Em suma, muitas vezes discorro claramente sobre assuntos nebulosos, o que soa um tanto paradoxal.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
É comum se ver as pessoas com deficiência que conseguem algum sucesso na vida como super-homens ou super-mulheres, o que me incomoda e critico muito neste blog. Porém, por mais que rejeite tal visão às vezes cedo a esta e me sinto assim. Percebi que, quando vejo alguém idolatrando Silvia, a botando num pedestal, chamando-a de Mulher Maravilha (porque criei o conceito de “complexo de Mulher Maravilha”) e deixando subentendido que devo fazer o mesmo, uma voz interior responde “eu não, se ela é a Mulher Maravilha eu sou o Super-Homem”. Ao comentar, rindo, isso com Silvia, ela falou “e não é mesmo?” e acabei desconcertado.