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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Desde que a declaração de imposto de renda passou a ser eletrônica faço a do meu pai – inicialmente, ele me passou o conhecimento de como fazia em papel, mas depois comecei a conhecer mais o assunto do que ele –, o que não mudou quando meus irmãos e eu demos um laptop a ele ou com minha mudança para Curitiba. Há três anos, comecei a fazer também as de uma irmã e da (agora ex)namorada do meu irmão. Passei a cobrar desta pelo serviço no último ano, pois na ocasião estava muito ocupado com Clara e outras tarefas da casa, e agora minha ex-cunhada me indicou para sua mãe. O que ganho com isso é pouco, mas é melhor que nada e um modo de trabalhar.
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Na época do nascimento de Clara, às vezes Silvia e minha melhor amiga conversavam como se fosse certo que ela seria muito ligada a mim. Eu achava aquilo sem nexo: o principal motivo daquela suposição provavelmente era que é bem raro um homem com paralisia cerebral severa ter uma filha, mas uma bebê ou até uma criança maior não pode compreender o significado disso – e, convenhamos, alguns adultos devem considerar absurda tal história; o que uma bebê entende é quem mais a alimenta, cuida dela, a acaricia, etc. Assim, após o segundo trimestre de 2016 – quando pouco foi ao berçário devido a doenças respiratórias -Clara tem se afastado de mim a ponto de chamar outros homens de “papai”, raramente estou conseguindo mantê-la perto de mim, geralmente é refratária às minhas tentativas de acariciá-la, etc. Não vislumbro muitas possibilidades de mudar esta situação, que vem me entristecendo.
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Há algumas semanas, diante das minhas crescentes dificuldades para embalar Clara no carrinho, quando ela estava em casa no horário do seu sono da tarde Silvia a levava para seu quarto, o escurecia e fechava, silenciava o apartamento – o que não é trivial se suas filhas estiverem aqui – e ficava lá até aquela dormir. Sabendo que ficar sem botá-la para dormir me entristeceria muito, hoje Silvia me chamou ao quarto de Clara e consegui fazê-la adormecer.
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Uma das minhas fisioterapeutas me perguntou se acho que Clara será estudiosa e encolhi os ombros num gesto de “não sei”. Duas semanas antes, uma prima minha perguntou se ela será aventureira como eu e respondi “só Deus sabe” – tal resposta foi metafórica, já que sou ateu (ao menos no sentido de não crer num Deus pessoal). Esse tipo de pergunta tende a me desconcertar, pois não nutro muitas expectativas sobre como Clara vai ser. Obviamente, Silvia e eu temos alguns desejos a respeito e tentamos direcioná-la de acordo, mas são poucos e sou cético quanto à nossa capacidade de determinar seu modo de ser.
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A professora de Clara disse que ela é a mais alegre da turma e a que mais curte as atividades da escola. É bom saber que estamos criando uma criança feliz
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Na tarde da segunda-feira de carnaval, Silvia pensou em irmos a um shopping center e eu, em testar uma coleira infantil em Clara, tanto porque esta já não quer ficar muito no meu colo quando me locomovo na cadeira de rodas quanto para andar e ter sono à noite. Acabamos indo a outro lugar e, à noite, Clara demorou uma hora e meia para dormir, embora não dá para ter certeza que foi pela falta de movimento. Ter a embalado durante esse tempo me causou distensões nas costas e virilha, o que me fez perceber que há semanas venho ficando com dores musculares sempre que a embalo por mais de 20 minutos e que está chegando o momento de parar de fazê-lo, pelo peso de Clara (no mínimo 10kg). Para mim, é uma decisão difícil independente das dificuldades da transição, pois é na hora de dormir que Clara mais faz questão da minha presença. Talvez esta continue adormecendo comigo de algum outro modo, já que às vezes vem se aconchegar em mim quando sente sono e não a colocam no carrinho.
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Às vezes, figurativa e literalmente Clara pega no meu pé para tocar música no tablet.
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De tanto embalar Clara, pela primeira vez na vida tenho uma “mão (esquerda) de homem”, cuja palma é encaliçada e tem pele grossa.
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Quando as filhas de Silvia ficam com o pai, em geral Clara gruda nela, dificultando muito fazer as tarefas domésticas. Um dos meus poucos recursos para entreter Clara e facilitar o trabalho de Silvia é tocar músicas infantis no meu tablet, embora muitas vezes isso não funcione.
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Após a queda que dei de cadeira de rodas, Clara não gosta mais de me ver deitado no chão e sempre fica querendo me levantar, às vezes com algum nervosismo.