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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Na semana passada, Silvia me vestiu todo de verde, achei ridículo, ri, ela brincou que eu era o “grilo falante” e até pensou que colocou aquela roupa inconscientemente por essa causa. Então, percebi que, durante grande parte da vida, fui como tal personagem para muita gente, inclusive para uma mulher bem equilibrada como Silvia.
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Ultimamente, às vezes Clara usa o tablet com o pé, obviamente me imitando.
Às vezes, ela demonstra uma tendência a ser organizada, guardando os brinquedos e outros objetos após usar, o que se deve exclusivamente ao meu exemplo – não creio que tal tendência se mantenha, pois a família tem três exemplos contrários.
As outras pessoas sempre destacam a alegria, a facilidade de rir e as gargalhadas de Clara, inclusive na sua avaliação pedagógica, o que é a melhor marca que já deixei nela – quando gargalha em casa, é frequente ela olhar para mim.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Não consegui mais embalar Clara no carrinho, porque ela não me deixa pegá-lo, em contraste com o que acontecia até o início do ano. Ela deixou de vir espontaneamente para meu colo porque, quando o fazia para assistir vídeos no Youtube, ao tentar aproximar o tablet muitas vezes eu fazia movimentos descoordenados que a assustavam ou incomodavam. Pelo mesmo motivo, Clara parou de me beijar e abraçar. Este afastamento, ocorrido neste ano, causado por minha descoordenação motora vem me entristecendo.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Há muito tempo, o carrinho de Clara estava em desuso e, sábado à tarde, Silvia o utilizou para a levar à piscina do nosso condomínio. À noite, para mexer comigo Silvia voltou a botar Clara no carrinho, logo eu quis balançá-la, mas Clara só queria que a mãe o fizesse, para minha tristeza. Silvia foi fazer outra coisa, Clara se distraiu, parou de implicar comigo, peguei o carrinho, adormeceu em poucos minutos e, desde então, repeti isso duas vezes. Na escola, ela está habituada a dormir em torno do meio-dia, fica irritada quando não o faz, nas férias parece que o único jeito de manter tal rotina é eu embalá-la, sinto vontade disso para tentar reaproxima-la de mim, mas não sei se dará certo nem se seria bom.
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Neste fim de semana, Clara ficou e brincou bastante comigo, inclusive de ler – nesse caso, imitando Silvia. Ainda não sei se isso foi coisa de momento ou indica uma tendência a uma proximidade maior comigo, mas me alegrou.
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Para mim, tem sido difícil encontrar um modo de brincar com Clara, pela falta de coordenação motora e o medo de machucá-la. Meu irmão, que é seu padrinho, está acabando de passar cinco dias em Curitiba e brincou bastante com ela. Hoje, após brincar um pouco com ele Clara resolveu faze-lo comigo por cerca de meia hora, me levando a achar que talvez tenha aprendido que pode fazer brincadeiras com figuras masculinas, como o pai – o tempo dirá se essa barreira foi realmente quebrada.
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O que a gente não faz por amor?
Esse das fotos é o meu irmão.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Mesmo se estiver sentado quieto, parado, alguém com paralisia cerebral corre o risco de subitamente machucar a si próprio e quem estiver perto, devido à descoordenação motora, sobretudo se tiver atetóide (movimentos involuntários) – e tenho principalmente no braço direito. Ontem, no Mercado Municipal fui tentar usar a prancha de comunicação com a mão esquerda, involuntariamente enganchei a direita nos aros da roda da cadeira, passei vários segundos com muita dor, não pude dizer a Silvia o que acontecia, até que puxei esta mão, que ficou com alguns ferimentos. Referindo-se a um antigo filme de terror, às vezes Silvia brinca que esta é uma “mão assassina”, porque parece ter vontade própria e já bateu nela em várias ocasiões – agora parece que virou também suicida
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Frequentemente, deixamos uma comida com Clara enquanto ela assiste vídeos do Youtube, às vezes se esquece do alimento e a lembro emitindo um grunhido ininteligível e fazendo um gesto de braço meio descoordenado. Provavelmente, uma pessoa de fora não entenderia esse ato de comunicação, mas Clara aprendeu seu significado me vendo dizer a Silvia que ela estava esquecida da comida em uma ou duas ocasiões.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Entre a noite de terça e a manhã de quarta, houve um problema grave aqui em casa – que não vou descrever para preservar nossa privacidade – que implicou um sério risco para Clara, embora na terça eu tenha conseguido isolá-la do perigo. Na quarta, passei a maior parte do dia me sentindo fisicamente mal, talvez porque não tenha encontrado um modo de protege-la, apesar de nada de errado haver ocorrido com esta. Em Recife, também passava por situações familiares extremas, mas o estresse resultante não chegava ao ponto de ser somatizado com tanta frequência quanto acontece aqui e venho me perguntando porquê.
Silvia já disse “você cuida mais de mim do que eu de você”, ”dou mais trabalho a Ronaldo do que ele a mim”, etc – evidentemente essas afirmações não correspondem à realidade e sua única gota de verdade é que não sou só um dependente de Silvia, mas também responsável por ela e suas filhas, embora a responsabilidade que mais pesa seja Clara. Por outro lado, muitas vezes me vejo incapaz de resolver ou atenuar os problemas que surgem, por ter paralisia cerebral e baixa renda. Talvez devesse me isentar um pouco desse contexto, mas minha personalidade vai na direção oposta, de querer abarcar tudo, exigir muito de mim mesmo. Assim, acho que a resposta é ter um excesso de senso de responsabilidade combinado a uma aguda consciência das minhas limitações físicas e financeiras.