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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Na manhã de ontem, ao me ver limpando o tablet que usa Clara encrencou comigo, mas em seguida pegou o pano para ela própria limpar. Depois, enquanto ainda estávamos comendo, por iniciativa própria ela começou a arrumar a mochila da escola. Pela minha experiência familiar, pensava que era extremamente difícil ensinar organização, ordem e arrumação a uma criança, mas involuntariamente estou fazendo isso com Clara, o que obviamente me dá orgulho. O que não compreendo é que, nessa questão, Clara siga meus exemplos e não os outros que dispõe.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Minha atitude com a beleza do meu rosto sempre foi contraditória: a via no espelho ao mesmo tempo que internalizava o preconceito de que quem tem paralisia cerebral é necessariamente feio e, às vezes, ficava me autodepreciando em frente daquele – me chamava de macaco, p. ex. Pensava que era incapaz de ter mulheres bonitas, a maioria das namoradas que tive não o era e a falta de atração física me levava a acabar tais relacionamentos, embora nem sempre fosse o único motivo. Namorar mulheres feias fazia me sentir um lixo como homem – e ser considerado assim, o que percebi no namoro com uma gaúcha loira e linda, pois, ao me verem com esta, a diferença na atitude dos outros (inclusive minha mãe) foi gritante.
As duas mulheres lindas que se interessaram por mim (desconsiderando as que não chegaram às vias de fato), Silvia e essa gaúcha, também são inteligentes, cultas, gostam de ler, estudar, entre outras características que me atraem. Portanto, não tenho certeza total sobre a importância que a beleza feminina tem para mim, mas acho que é fundamental, como na cruel e conhecida frase de Vinicius de Morais – eu não conseguiria ficar muito tempo com uma mulher que não fosse muito bonita, que não me desse atração física (e bem que tentei).
Na época em que publiquei meu site, tirar uma foto e publicar na Internet demorava e dava trabalho, em cada cem eu só ficava bem em uma – nas outras, saia horroroso – e tive de escolher a dedo as que colocar nele; mas também sempre me recusei a maquiar fotos, de modo que as mulheres que iam a Recife encontravam o que já tinham visto. Ainda bem que aquele preconceito não acabou completamente com minha vaidade, pois a beleza mostrada nas fotos era um dos fatores para o site desencadear o interesse das mulheres por mim. De fato, recentemente Silvia disse que só queria namorar homens que tivessem uma beleza meio rústica, cujos rostos não tivessem traços muito delicados, os e-mails que eu enviava para a lista de discussão onde nos conhecemos chamaram sua atenção, foi ao site e sentiu-se atraída porque me achou bonito. Foi desconcertante ver de novo que a frase de Vinicius também aplicou-se a mim porque, no fundo, ainda tenho dificuldade de acreditar que sou bonito.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
É tanto que amo e penso em Silvia que às vezes, quando vou acessar minha conta bancária, acabo digitando os dados da dela, e mesmo ao entrar na minha, em algumas ocasiões insiro sua senha – tive de redobrar a atenção a respeito, para não sofrer um bloqueio de senha. E cuido de suas finanças com tanto zelo que recentemente ela me perguntou “você tem fábrica de dinheiro?!”.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Comemoramos o Dia dos Namorados ontem, passando momentos prazerosos num lugar bem romântico. E à noite, Clara me deu a alegria de brincar comigo mais de uma hora, demonstrando que continua se reaproximando de mim.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Há pouco, no carro de Silvia ocorreu mais ou menos o seguinte diálogo quando comecei a acariciar o ombro dela:
– Não põe a mão na mamãe – Clara disse com ciúmes.
– Por que, filha? – Silvia perguntou.
– Papai é safado. Safadinho.
– Aí você tem razão, filha.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Vinha pensando que Clara estava deixando de gostar de andar no meu colo enquanto Silvia conduz minha cadeira de rodas. Porém, na terça-feira, ao sair do carro ela falou “adoro o colinho do papai” e fiquei todo derretido.
Ontem à noite, quando Silvia foi buscar sua filha mais velha no colégio, inesperadamente Clara optou por ficar em casa sozinha comigo. Como sempre, essa situação me deixou apreensivo e pensando um monte de besteiras, como “o que farei se Silvia sofrer um acidente de trânsito e for hospitalizada (ou algo pior)?”. Ela não me deu trabalho algum, exceto choramingar no momento em eu quis ir ao banheiro e tive de voltar para seu lado – então percebi que não foi com a mãe por sentir-se segura comigo. Não deixei de notar a contradição entre o medo que tenho nessas circunstâncias e a segurança que passo para Clara.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
A fan page de Rodrigo Mule publicou esta entrevista comigo em 26 de abril.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Clara fez duas apresentações em festas da escola, no ano passado, e ficou imobilizada de medo da plateia, do que até rimos. Ontem foi a festa junina do colégio e, enquanto esperava para subir ao palco, Clara buscou segurança no meu colo em vez no de Silvia, o que me surpreendeu porque, até então, isso só acontecia na ausência da mãe e já tem consciência da minha vulnerabilidade física – a função psicológica da figura paterna de dar proteção prevaleceu. Dessa vez, Clara enfrentou a plateia e dançou, embora não dê para saber em que medida foi pela segurança que transmiti, pois Silvia fez muitos preparativos – comprou um vestido bonito, conversou com ela, etc.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Passamos meu aniversário em Recife, minha melhor amiga não pôde ir, o que me entristeceu, mas deu o melhor presente que eu poderia ganhar nas atuais circunstâncias – as cartas que escrevi antes desta ter e-mail e que serão um material precioso para meu livro. Tais cartas começaram em 1989, resistiram a quatro mudanças de endereço desta amiga e me foram devolvidas quando já estávamos no carro, indo ao aeroporto para voltar a Curitiba.
Há seis dias, à noite nossa maior diversão é ler juntos tais cartas, que depois são fotografadas por Silvia e salvas na “nuvem” por mim. Essa leitura tem me despertado uma profusão de sentimentos que muitas vezes não consigo expressar, fico sem saber o que pensar. Para mim, o que mais se destaca é o quanto soube mudar meu modo de ser e de pensar, minhas ideias e atitudes, de acordo com as oportunidades que surgiram – sobretudo a psicoterapia, a difusão da Internet e o sucesso do meu site, em particular com as mulheres, na década de 1990 – e alcançar meus objetivos. Por outro lado, combinando o que lê nas cartas com suas próprias lembranças de quando éramos amigos virtuais, em 2000, Silvia me falou “você costuma conseguir o que quer” – obviamente, com ajuda de familiares, amigos, conhecidos e até estranhos. Sempre rejeitei, critiquei que me atribuam o rótulo de “vencedor”, entre outros, mas agora é assim que me sinto e, para aumentar a ironia, meu primeiro nome – que detesto e não uso – tem justamente este significado. É desconcertante!
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