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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Ontem de manhã, enquanto comíamos Clara ficou, rindo muito, me falando de brincadeira “mamãe é uma baratinha(ou minhoquinha), né?”, o que me fez pensar em como é bom ver uma filha espelhar, herdar características nossas que são boas – nesse caso, alegria, bom humor e facilidade de rir.
Clara continua gostando de ficar no meu colo quando estou na cadeira de rodas, mas, com seu crescimento, é um peso cada vez maior para Silvia conduzir – algo que deve ser evitado até esta retirar a hérnia que tem no abdome – e às vezes fica me machucando. Uma solução é colocar nela uma coleira infantil segurada por Silvia; outra, se esquecermos da coleira, é Clara segurar minha mão. Tentei a segunda solução algumas vezes, sem sucesso porque a descoordenação motora me fazia machucar sua mão, até que, ontem à tarde, o consegui num shopping center – fiquei todo faceiro ao andar (de cadeira de rodas) de mãos dadas com minha filha pela primeira vez. Num elevador desse shopping center, Clara mostrou a foto que tiramos com o Papai Noel de lá, mostrando os pais sem dá a mínima para minha deficiência.
À noite, após ver Silvia me beijando sentada no meu colo, Clara veio me beija e acariciar.
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Nesta manhã, fomos a outra exposição na escola de Clara, sobre os cinco sentidos. Lá, não vi outra criança tão alegre. Também notamos que ela beijou e/ou abraçou todos colegas e professoras. Nas duas vezes que entramos na sua sala de aula, ela tentou ajudar a levantar a parte frontal da minha cadeira de rodas. Na saída, uma proprietária e diretora do colégio me falou algo como “Clarinha é uma figura” e foi beijada e abraçada por ela. Fiquei com a sensação de que estamos conseguindo educa-la bem.
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Deixei de fazer natação nesta semana, pouco depois do que eu previa. Agora, as filhas de Silvia estão passando uma semana com o pai, outra conosco e, quando ficam aqui, ela estava tendo de levar 4 dependentes a destinos diferentes, o que era muito estressante e cansativo. Mais grave, após a retirada da vesícula Silvia desenvolveu uma hérnia no abdome e precisa reduzir o esforço físico que faz. Espero que esses meses em que nadei me deixem dois ou três anos sem asma, embora duvide um pouco dessa expectativa porque estou mais velho e é questionável extrapolar a experiência passada. Estou triste, inclusive porque, quando recomecei a natação, percebi que os benefícios iam bem além de melhorar a respiração.
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Há pouco, fiz uma consulta com um otorrino que falou que sou “cativante”, o que me surpreendeu, achei engraçado e fiquei rindo, pois, no consultório, eu só disse – talvez de modo mais conciso e claro que a média – o que todo mundo falaria. Numa segunda reflexão, vi que não havia motivo para me surpreender, porque sei que os outros geralmente esperam que alguém com paralisia cerebral não tenha cognição intacta, não sorria, não se expresse bem, etc.
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Há cerca de um mês, uma amiga das filhas de Silvia que mora no nosso condomínio passou a dizer que quer que eu seja seu pai e, sempre que ouve isso, Clara responde “não, é meu pai”. Parece que Clara será tão ciumenta quanto a mãe e já estou com pena dos futuros namorados dela
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Passamos três dias em Brasília, visitando a família de Silvia. Ela deixou o carro no estacionamento do aeroporto de Curitiba, na saída do qual um guarda nos ajudou a ir ao balcão da companhia aérea, de onde um funcionário da Gol nos acompanhou até a entrada do avião, como recomenda a norma internacional. Ao aterrissarmos em Brasília, descumprindo tal norma o funcionário que nos auxiliou a sair do avião nos largou na saída do túnel móvel em vez de ir conosco ao menos até a esteira de bagagem, obrigando Silvia a andar um longo percurso conduzindo uma mala grande, uma mochila pesada e a cadeira de rodas com Clara no meu colo e, na volta, ninguém nos ajudou a transitar pelo túnel. Ao voltarmos para cá, a funcionária encarregada do nosso caso nos acompanhou até onde estava o carro cheia de simpatia, brincando com Clara, fazendo tudo para nos ajudar. Fiquei espantado com essa diferença no tratamento de pessoas de deficiência.
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Às vezes me orgulho de Clara ter aprendido organização comigo – embora duvide que essa característica será mantida –, mas percebi que o melhor que involuntariamente ensinei a ela, até agora, foi ser alegre. E fiquei pensando quantas pessoas que não me conhecem acreditariam que um homem com paralisia cerebral severa pode transmitir alegria à filha.
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A alegria, a brincadeira e bom humor parecem ser mesmo as principais ligações afetivas de Clara comigo.
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Ontem, recebi uma solicitação de “amizade” no Facebook de um homem com paralisia cerebral de 40 anos, casado, que está tentando ter um filho, não consegue, ele e sua esposa estavam imaginando que o impedimento poderia ter algo a ver com a PC, postou uma mensagem num grupo, alguém me mencionou e ele perguntou se fiz algum tratamento médico para gerar Clara. Respondi que não há relação alguma entre fertilidade e PC, que geramos uma filha simplesmente pelo sexo sem que eu quisesse ser pai – não contei que então estava com 51 anos – e que o problema talvez seja da sua esposa. São – ao menos para mim – as informações mais básicas e fiquei espantado, desconcertado que ninguém do grupo tenha dado a ele.
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior
Na semana passada, Clara me chamou muitas vezes de “tio”, como minhas enteadas fazem, apesar de saber desde os 2 anos que estas têm outro pai. Ela até pode estar me chamando assim por se confundir com as irmãs, mas é impossível, para mim, não pensar que é também por distanciamento afetivo nem me entristecer com isso.