Na época do nascimento de Clara, às vezes Silvia e minha melhor amiga conversavam como se fosse certo que ela seria muito ligada a mim. Eu achava aquilo sem nexo: o principal motivo daquela suposição provavelmente era que é bem raro um homem com paralisia cerebral severa ter uma filha, mas uma bebê ou até uma criança maior não pode compreender o significado disso – e, convenhamos, alguns adultos devem considerar absurda tal história; o que uma bebê entende é quem mais a alimenta, cuida dela, a acaricia, etc. Assim, após o segundo trimestre de 2016 – quando pouco foi ao berçário devido a doenças respiratórias -Clara tem se afastado de mim a ponto de chamar outros homens de “papai”, raramente estou conseguindo mantê-la perto de mim, geralmente é refratária às minhas tentativas de acariciá-la, etc. Não vislumbro muitas possibilidades de mudar esta situação, que vem me entristecendo.

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