Na sexta à noite, Clara achou uma corda com um laço, veio me chamar para brincar de cavalinho e pôs a corda em mim como se fosse rédeas. Montada em mim, ela falava que era “cavaleira”, “segura peão” e outras coisas que me fizeram rir muito. Estava me cansando – carregar 15kg nas costas não é mole –, tinha tomado uma lata de cerveja, fiquei relaxado e quis parar a brincadeira com medo de derrubá-la por supostamente estar com menos reflexos– só depois lembrei que um pouco de álcool melhora os meus, ao reduzir a espasticidade –, mas ela insistiu em continuar. Após alguns minutos, a corda começou a apertar meu pescoço, nossa diarista fez Clara compreender o perigo e desmontar. Nos dois dias seguintes, Clara brincou bastante comigo, nesta manhã me permitiu acaricia-la e até pediu mais carinho, o que me deixou bem feliz.

O que imagino haver acontecido foi que, pelo tempo na escola e a agitação das irmãs, ao longo da semana passada Clara quase não teve contato comigo, sentiu minha falta e quis curtir o pai. Só o tempo dirá se a barreira para acaricia-la foi mesmo quebrada.

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