Era uma grande incógnita como eu seria como marido, já que minha vida amorosa foi muito fragmentária, muito mais virtual do que pessoal. Me ressentia não só de inexperiência, mas também de ter uma experiência muito especifica que não me ajudaria na convivência concreta com uma mulher. Penso que estou me saindo muito melhor do que eu mesmo esperava e minha esposa está bem satisfeita – ou pelo menos ela me faz mais elogios do que queixas. Acho que aprendi com a experiência e os erros dos outros e me ajudou muito ter bem mais amizade com mulheres que com homens.
Por mais que quisesse ter um relacionamento completamente não-virtual com uma mulher, parece que acreditava muito pouco que isso viesse a acontecer, pois, quando ocorreu, demorou meses para “cair a ficha”: me soou estranho ouvir a chefe dela nos tratar como marido e esposa na recepção de um bar e uma montadora de móveis sair do nosso apartamento dizendo “tchau, seu Ronaldo”, um tratamento que passei a vida vendo ser dispensado a meu pai – demorei um segundo para perceber que esta falava comigo, já que não estava acostumado a ser autoridade numa família. Era uma “normalidade” estranha, surreal para mim.