Geralmente fico constrangido em “engatinhar” na presença de quem não seja um familiar, amigo ou fisioterapeuta, às vezes a ponto de pedir para alguém me levantar e andar comigo. Neste sábado, fomos à praia com as meninas. Clara foi logo às piscininhas deixadas pela baixa da maré, após Silvia passar protetor solar em mim fui para lá – a uns 5m do nosso guarda-sol – sozinho pouco me importando com os olhares que atrairia, algum tempo depois Silvia me levantou e fomos ao mar. Após uns 30 minutos, as duas saíram deste, onde fiquei muito mais tempo até decidir voltar a brincar com Clara nas piscinas. Estava a uns 12m de Silvia, ela não me ouviria mesmo se gritasse – o que também seria embaraçoso –, não sabia quanto tempo ela demoraria para perceber se eu acenasse e queria poupá-la do esforço de caminhar comigo na areia, o que me fez resolver “engatinhar” até Clara e dessa vez não houve jeito de ignorar o grande estranhamento de dezenas de pessoas – muitas vezes, temos de deixar a vergonha de lado. Nos primeiros metros, um adolescente – que me pareceu não ser daqui – começou a me oferecer insistentemente ajuda, perguntou onde estava meu pessoal, apontei com a mão, falou que podia chamar alguém de sua família para auxilia-lo a andar comigo – isso tudo sem estranhamento, pena e preconceito, ao menos não que eu notasse em suas palavras, tom de voz. gestual, etc; obviamente, no fim ele me viu brincando com Clara e sua irmã mais nova. Desse dia, o que mais vou lembrar é desse momento de solidariedade.
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