Na semana passada, minha esposa levou a filha menor ao aniversário da melhor amiga desta e voltou rindo muito dos olhos arregalados, do leve recuo da cabeça e outros sinais de espanto que duas pessoas fizeram ao saberem que, em oito meses, ela se separou do primeiro marido, arranjou um namorado em Recife que tem paralisia cerebral severa, casou-se de novo e está grávida dele; esse espanto me fez brincar que deveriam pensar algo como “essa mulher devia estar num hospício”. Noutra ocasião, a vi fazendo tal relato a uma amiga por telefone, caí na gargalhada e disse “você acabou de passar um atestado de insanidade mental”.

Qualquer noção de “normalidade” no amor e em outros assuntos humanos induz a enganos e o que a maioria considera loucura pode fazer muito bem a uma pessoa. Para nós dois, o espanto que nossa história pode causar – nem sempre isso acontece – é engraçado.

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