No último sábado, minha esposa e eu formos ao show de Lulu Santos, já dentro do Teatro Guaíra fui abordado por um homem entusiasmado por eu estar lá e falando como se eu fosse uma criança. Comecei a responder usando minha prancha de comunicação numa tentativa de faze-lo compreender que não tenho déficit cognitivo, o que não deu muito certo. Aí sinalizei para minha esposa contar grosso modo nossa história e só então ele passou a me tratar como adulto – o mero fato de eu ter uma mulher linda já desmonta tudo que se imagina sobre pessoas com paralisia cerebral. Pouco depois, a namorada dele chegou, falou que tinha um irmão com PC e que este morreu no ano passado, o que me fez entender porquê ele havia me abordado daquela forma – o irmão desta devia ter algum déficit cognitivo.

O Teatro Guaíra é um péssimo lugar para pessoas com deficiência assistirem um show de música, ao menos dançante, pois se os outros se levantarem para dançar quem está na fila reservada a tais pessoas fica impedido de ver o espetáculo, exceto se também puder ficar de pé – eu posso, mas com dificuldade –, o que frequentemente não é o caso.

?>