Clara se deitar no meu colo tornou-se rotineiro, ainda assim em duas das três vezes que isso ocorreu nos últimos dias Silvia parou para nos fotografar e, quando essa foto foi tirada, estava saindo apressada. O inusitado dessa foto é só existir, a situação ainda se destacar aos olhos de Silvia. Talvez ela ainda tenha fascínio por minha paternidade – objetivamente é raríssimo um homem com paralisia cerebral severa ser pai –, o modo como amo Clara, me empenho em cuidar desta, etc. Do mesmo jeito, ninguém mais que Silvia sabe o quanto foi difícil, complicado para mim aceitar tal condição, até considerar Clara a melhor coisas que me aconteceu. Ao ver nossa filha deitada no meu colo, Silvia falou “mas que folga!”, ao que Clara respondeu “é que gosto do papai”.

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