Logo após o nascimento de Clara, ao ler um post que expunha a grande dificuldade que tive para aceitar a paternidade, uma amiga que também tem paralisia cerebral me questionou se seria bom ela vir a ler textos como aquele e respondi que queria que soubesse a verdade sobre como me senti, mesmo que fosse incômoda. Voltei a pensar no assunto nesta semana e concluí que saber que eu não queria filhos, que quase entrei em depressão com a notícia da gravidez de Silvia e que, até o fim do seu primeiro semestre de vida, ainda lutava para aceitar ser pai pode é engrandecer meu amor por Clara aos seus olhos, ao humaniza-lo, mostrar os problemas que passei, que eu quis ama-la.
Quero muito que Clara leia este blog por esse e outros motivos, mas acho que ela só terá cabeça para compreender plenamente o que escrevo nele daqui a uns 18 anos e não posso saber como será a Internet então nem se estarei vivo. Pensando nessa incerteza, há seis dias, tentei não me angustiar lembrando que existem sites há 25 anos e blogs, há 20, e de qualquer forma já passei as senhas necessárias para Silvia. Este blog será meu legado mais importante a Clara, se sobreviver tanto tempo.
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