Sempre fui afirmativo quanto à minha sexualidade, lutei para ter uma vida sexual por mais que causasse atritos e brigas com minha mãe e incomodasse a família, mas em 1998 entrei na onda dos meus pais de que era melhor suprimi-la, por vários motivos. À época, era uma amiga homossexual – que também era amiga da família apesar do conservadorismo dos dois – que me levava a prostibulos, esta foi morar com uma mulher, deixou de me prestar esse favor e fiquei sem sexo por muito tempo. Como consequência, quando ejaculava involuntariamente à noite meu semem saia com sangue e logo pensei em câncer da próstata, até o urologista que consultei dizer que a causa era escamação da vesícula seminal por acúmulo de líquido. Estava apaixonado por uma mulher, que até me correspondeu mas era incapaz de ter um relacionamento com um homem com deficiência e nada houve entre nós, o que foi muito doloroso. E precisar de prostitutas pode fazer mal à autoestima de um homem.

Por tudo isso, pensei que era melhor não ter sexualidade – como se fosse possível! – e não ligar mais para o sexo. Então, quando ia começando uma ejaculação involuntária noturna tinha uma contração muscular que impedia a saída do semem e que ia até panturrilha da perna. Voltei ao urologista e ele não soube explicar o que acontecia – só após o problema ser resolvido é que concluí que era um mecanismo psicológico para negar a necessidade de sexo.

Ironicamente, quem resolveu o problema foi minha mãe. Fiquei esperando uma oportunidade de expor a situação para a amiga citada, pessoalmente ou por carta. Ela havia me apresentado um conhecido que tinha uma paralisia cerebral leve, que nos convidou para seu casamento religioso. Nessa cerimônia, não vi oportunidade alguma de abordar o assunto e deixei para fazê-lo por carta. Essa amiga nos deu uma carona para casa, estava com uma menina de uns 12 anos de sua família e minha mãe – que às vezes ignora totalmente as normas sociais e fala as coisas mais inconvenientes de modo cru – simplesmente pediu com todas as letras que ela me levasse para transar, a assustando tanto que ela quase perdeu o controle do carro e me fazendo passar uma das maiores vergonhas da minha vida! Fui ao prostibulo temendo muito ter aquela contração na hora H, mas não foi o que ocorreu.

Tive o insight de digitar este post há três dias, mas relutei em fazê-lo pelo avanço do obscurantismo e do (falso) moralismo no Brasil. Acabei decidindo publicá-lo porque não me exporia mais do que noutros textos do blog, para me opor a esse movimento, embora de forma modesta, e para ajudar outras pessoas com PC a lidar com sua sexualidade, algo quase sempre difícil. De qualquer modo, se não teimasse, insistisse em exercer minha sexualidade, contra alguns aspectos da moral tradicional, não teria me casado e gerado uma filha.

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