Clara sempre se assustou com qualquer ameaça aos pais. Ela fez sete anos no dia 29 e comemoramos num parque de diversões pequeno e coberto, o qual tem uma sala para cantar os parabéns e os adultos ficarem. Comecei a me entediar, resolvi sair de lá e dar uma volta no parque sozinho – o chão era liso e não tinha obstáculos a que eu movesse a cadeira de rodas com os pés. Clara ainda não está acostumada a que eu ande por aí sem o cuidado de Silvia – exceto para a fisioterapia –, ao me ver preambulando pelo parque sem ninguém praticamente entrou em pânico, contagiou alguns amigos e, juntos, me reconduziram àquela sala – como não podia usar a prancha de comunicação com eles e fazer força talvez os machucasse, não opus resistência; esse processo se repetiu várias vezes até que, na última volta que dei, ela não se importou mais. Passei a maior parte da vida lutando, brigando contra a superproteção da família, especialmente minha mãe, a tal ponto que vir morar em Curitiba foi, entre inúmeros outros motivos, uma forma inconsciente e bem radical de acaba-la, e agora estou enfrentando o mesmo problema com minha filha – é lasca!
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