Em setembro de 2022, fizemos uma viagem a Foz do Iguaçu que, devido a erros nossos e um bug da companhia aérea, foi cara demais e ruim – basta dizer que as meninas tiveram medo das cataratas e se negaram a ir à passarela, no que ninguém acredita. Frustrados, decidimos voltar lá em junho, a princípio sozinhos, mas logo resolvemos levar a segunda filha de Silvia, a única que nos ajudou, e depois presenteamos com uma passagem outro familiar dela que é uma ótima pessoa a quem somos muito gratos.

Silvia sempre sonhou em me levar ao lado argentino das cataratas – na primeira viagem para lá, em 2015, não podemos ir porque esquecemos meu RG. O único país que efetivamente controla o movimento na Tríplice Fronteira é a Argentina, para entrar nesta há uma fila quilométrica, mas vimos um carro com a etiqueta de pessoa com deficiência a furando, Silvia tinha levado nossa plaqueta equivalente, tratou de tirá-la para entrar na faixa rápida e passamos o dia nas cataratas e em Puerto Iguazu, poupando umas três horas em filas graças à minha paralisia cerebral, o que nos fez ficar tirando onda. Voltamos a este no dia seguinte, entramos numa loja de vinhos na qual simplesmente fiquei encaixotado – teria sido melhor eu esperar no carro –, passei a observar a acessibilidade da cidade e vi que, nas vias principais, é dez, vinte vezes melhor que nas capitais estaduais do Nordeste brasileiro. Em Foz, tive de entrar no banheiro das mulheres e Silvia, no dos homens, porque não havia um separado para pessoas com deficiência, enquanto que, em Puerto, vi um pai e uma filha pequena saindo do banheiro de uma churrasquearia. No Brasil, pessoas com deficiência tem direito a meia entrada e na Argentina, à gratuidade. Nós brasileiros gostamos de zombar da Argentina e suas crises, mas quem tem deficiência vive melhor lá. E no último dia, quando parecia que íamos a um shopping center – que chatice! –, eu e o familiar de Silvia a convencemos a ir ao lado brasileiro das cataratas apesar de estar chovendo.

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