Na semana passada, um homem de Belém-PA que tem uma paralisia cerebral mais leve que a minha me procurou pelo Facebook pedindo ajuda para conseguir aceitar a própria deficiência e fiquei sem saber o que dizer – em geral, não sei como responder quando me colocam essas questões existenciais. Fui um menino chorão e tinha muita revolta contra minha condição. Acho que me cansei de chorar na adolescência, além do hábito da leitura desviar meu foco para outros assuntos, embora tenha continuado bastante negativo. Curiosamente, não lembro de tratar explicitamente da aceitação na psicoterapia que fiz nos anos 1990, a qual girou em torno da minha sexualidade, raiva das mulheres e problemas familiares. Creio que a aceitação chegou mais diretamente em consequência de ter conseguido trabalhar, feito um site que ficou conhecido nacionalmente, atraía mulheres, trouxe respeito na família e me permitiu namorar – indiretamente a psicoterapia influiu nisso tudo. Quem me conheceu após os 40 ou 45 anos deve me achar um exemplo a esse respeito.

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