Passei a segunda quinzena de março com minha namorada em Curitiba , cuja acessibilidade, embora longe de ser total, é muito melhor que a de Recife e rapidamente me habituei a ficar na cadeira de rodas, até porque inicialmente ela teve dificuldade em andar comigo (depois ficou craque nisso). Passamos dois dias em Foz do Iguaçu, onde nos hospedamos na casa da mãe de uma amiga dela. No segundo dia, fomos visitar um templo budista praticamente sem qualquer acessibilidade. Para entrar no templo propriamente dito, era necessário subir alguns degraus e elas fizeram um esforço danado para me suspender na cadeira como se eu fosse um paxá indiano, e nenhum de nós quatro pensou que eu poderia subir andando – que demência! Quando fomos descer, vi que corria o risco iminente de cair degraus abaixo e, num instante, saí da cadeira andando! Isso as deixou invocadas comigo, ao mesmo tempo que caímos na gargalhada com o absurdo da situação. Parecia que eu estava de sacanagem com elas, mas só havia me habituado à vida mansa.

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