Ontem à tarde, Silvia foi ao teatro com suas filhas deixando Clara com nossa diarista e comigo. Ao entrar no quarto de Clara a encontrei deitada no chão querendo dormir, desconfortável, dei um travesseiro, mas não entendeu o que eu queria, sentou-se em cima deste, a diarista explicou minha intenção, ela disse “não” por birra, mas logo botou a cabeça no travesseiro e adormeceu. Naquele momento, a futura cirurgia de Silvia – que praticamente não tem risco, sendo o perigo real haver uma pancreatite antes – me fez pensar como faria para cria-la com todas as minhas limitações físicas e financeiras se esta morresse, meu peito começou a doer e fui para o computador para ocupar minha cabeça com outras coisas. Pelo WhatsApp Silvia me perguntou por Clara e, ao responder, com auto desdém quase disse algo como “o pai só serve quando a mãe não está”. Após acordar, Clara foi carinhosa comigo, falou repetidamente “adoro papai” – foi a primeira vez que ela disse algo desse tipo! – e concluí que a principal via pela qual a descoordenação motora a afastou foi me impedir de continuar a botando para dormir.
Trivialidades de uma Tarde
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior