Fomos a Fortaleza no fim de 2016, principalmente para minha família conhecer Clara. Já que Curitiba não tem paraquedismo, quis aproveitar para dar outro salto de paraquedas lá. Quando começamos a namorar, Silvia pensava em fazer o curso de paraquedismo, mas desistiu após o nascimento de Clara e queria que eu também parasse por causa desta, o que gerou discussões tensas em dezembro. Essa matéria da BBC mostra que o risco desse esporte é o mesmo que andar 400km de carro e provavelmente o estudo citado deve ter se baseado em médias mundiais – caso usasse estatísticas de trânsito brasileiras, tal quilometragem seria bem menor; se também forem considerados nossos índices de criminalidade, no cotidiano corremos riscos tão grandes ou maiores que num salto. Silvia teve “boca de praga” e, duas semanas antes de irmos a Fortaleza, o piloto do avião do salto sumiu – teve de ir resolver um problema pessoal no Rio Grande do Sul.
No início deste mês, fomos a Recife para batizar Clara e resolvi tentar de novo saltar. Na véspera do salto, tive uma diarreia feia – outra praga de Silvia? – da qual só me curei ao sair para o aeródromo, acompanhado por um casal de amigos. Foi um dia muito nebuloso, desde que saí de casa olhava para o céu, via as nuvens e achava que não conseguiria saltar. Esperamos seis horas para as nuvens abrirem e porque havia outras pessoas na minha frente – uma destas sofreu uma tentativa de assalto com uma faca colocada no seu pescoço horas antes, o que exemplifica o que digitei acima sobre riscos. O cinegrafista ficou impressionado com minha calma durante a ascensão do avião, ignorando que o pior momento para mim é o de sair deste – nessa hora pensei “ai, meu Deus, para que fui inventar isso?!”. No fim, acabei vencendo todos os obstáculos e tendo mais uma experiência emocionante e intensa.
E para horror de Silvia, quero que Clara salte de paraquedas!