Ontem, fui com Silvia a uma ótica comprar novas lentes para meu óculos. Quando esta disse que o uso só para leitura, a vendedora falou espantada “ah, ele lê, é?!” e pensei “eita, ela acha que sou analfabeto”. Fiz cara feia ao saber do primeiro orçamento, Silvia explicou que o pagamento seria no meu cartão de crédito, novamente a vendedora se espantou porque tenho um (na verdade, vários), na hora de fazer meu cadastro ela perguntou ‘ele tem CPF?” e me perguntei “como ela acha que eu posso ter feito um cartão sem CPF? Acha que não tenho cidadania?”. No caixa, a vendedora perguntou a Silvia “ele é seu irmão?” – só uma ou duas pessoas em cem imaginam que somos casados –, esta respondeu que sou seu marido e que está grávida, o que aumentou o espanto dela e ainda perguntou se será um menino – é uma menina! A vendedora não acertou uma!

Esta é uma situação típica do nosso cotidiano e bem reveladora de como a sociedade vê quem tem paralisia cerebral, embora não expresse meu sarcasmo por questão de educação e o máximo que faço é rir.

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