Em 1998 fiz amizade com um empresário carioca que viu meu site, cujo pai (já falecido) tinha paralisia cerebral e, num momento muito difícil, ele passou a me ajudar financeiramente, o que via como um prolongamento de seu amor por este, embora nunca tenhamos nos encontrado pessoalmente. Há dois anos, ele não pôde mais me ajudar informalmente e decidiu criar um blog patrocinado sobre PC. Era para ser um coletivo, cujo conteúdo seria produzido não só por gente com PC, mas também por pais, médicos, fisioterapeutas, etc, desde que os textos fossem sempre em primeira pessoa, que ele próprio iria arranjar, enquanto eu apenas ficaria com a administração e só escreveria eventualmente. Na época, tinha parado de escrever há muito tempo, me sentia totalmente sem inspiração para tanto e fiz tudo para me esquivar de produzir o conteúdo. Porém, esse amigo nunca teve tempo para conseguir colaboradores e, muito a contragosto, acabei como o único responsável pelo blog.

A inspiração acabou surgindo do meu cotidiano e, nos últimos meses, da mulher que amo. A intenção é mostrar uma pessoa com PC como alguém de carne e osso, com dúvidas, problemas, vitórias, conquistas, desejos, frustrações, etc, inclusive abordando aspectos polêmicos e obscuros. O nome do blog é uma alusão à ideia de que pessoas com PC são incapazes de pensar. Evito ao máximo postar conteúdo de terceiros. Me nego terminantemente a fazer o discurso da “superação” e a encarnar o papel de herói, super-homem, lição de vida e outros correlatos.

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