Em fevereiro, um incidente inquietante ressaltou os problemas da não-formalização do meu relacionamento com Silvia, que inclusive estava num limbo legal até 2020, e me fez lembrar do velho fantasma de ter de criar Clara sozinho se algo acontecer a ela – devido à impossibilidade de assinar, demoraria um tempo indefinido para Clara receber pensão e seguros, no qual eu teria de sustenta-la com meus poucos recursos, aceitar que um terceiro fosse seu representante legal, etc. Paralelamente, Silvia começou a ter dores e outras sensações no pescoço e uma irmã dela teve câncer (curado) de tiroide – semanas depois esses sintomas diminuíram e me despreocupei. Essa confluência literalmente me tirou o sono e resolvi fazer um certificado digital.
A certificadora que escolhi tem 5 estabelecimentos em Curitiba e fomos ao mais perto do nosso apartamento, numa sobreloja. Na saída, Silvia especulou que a empresa exigiria alguma assinatura, testemunhas, etc – nada disso ocorreu, mas detonou minha ansiedade, cujo grau está logo abaixo de ser um transtorno. O carro foi estacionado numa transversal, entramos no prédio pelo térreo e vimos que o elevador não ia de lá à sobreloja – para tanto, era preciso descer uma rampa longa e íngreme até a garagem. Esperei ao lado da escada – tendo quase um ataque de ansiedade – enquanto Silvia a subia para ver se a equipe da certificadora dava uma solução. Uma funcionária desceu, percorreu todo o térreo, outra de uma imobiliária se solidarizou e ajudou Silvia a subir comigo. A biometria foi fácil. A funcionária perguntou a Silvia “você é o quê dele, irmã ou filha?”, depois tentou remediar a gafe dizendo que tinha visto antes minha data de nascimento e que também pareço jovem, mas não teve jeito – fiquei me sentindo um velho e Silvia, feliz e vingada por todas as vezes que pensaram que sou seu filho
Não sei em que medida o certificado digital é aceito de fato em lugar da assinatura, mas é um passo para reduzir minha dependência.
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