É comum pessoas com paralisia cerebral e outras deficiências serem passivas, sem iniciativas, temerosas da vida, do mundo, de correr riscos, e acho que fui assim até os 30 ou 35 anos e é difícil explicar porquê mudei – sempre há a possibilidade desse tipo de introspecção ser mera confabulação. Na minha infância, meu pai fazia todo o possível para eu adquirir autonomia e minimizar a dependência. Na época, encontrou pouca receptividade, geralmente fui inerme, inerte, meio preguiçoso, seguia a linha de menor resistência e minha mãe reforçava essa acomodação. Porém, a semente foi plantada e germinou após fazer uma psicoterapia nos anos 1990, quando percebi que meu pai estava certo e passei a me esforçar para seguir a direção apontada por ele, com resultados que às vezes colocaram a família em polvorosa.
Silvia é uma mulher totalmente independente e, recentemente, passou meia hora me falando que quer que Clara também seja. Mas coração materno não varia muito, na prática ela tem muitas atitudes que inibem ou até reduzem a independência desta e tenho me pego tendo o mesmo tipo de preocupações, inquietações, discussões, etc, que meu pai teve em relação a mim.
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