Sou persistente, dizem até teimoso, de um modo tortuoso: tento muitas vezes fazer algo, se não consigo perco a paciência, penso que nunca mais vou querer saber daquilo, tempos depois surge da minha mente, não sei como, uma nova maneira de tentar e frequentemente acabo conseguindo. No início do ano passado, na hora em que Clara saia para a escola eu sempre pedia um beijo ou abraço, mas, após seu rosto se machucar seguidamente com meus óculos e descoordenação motora, ela passou a dizer logo “não” e parei de pedir, com tristeza. Neste mês, percebi que se me erguesse de joelhos não haveria risco de machucá-la, voltei a pedir e Clara, a me abraçar quando vai para o colégio, para minha alegria.
Gestos e movimentos triviais para a grande maioria das pessoas geralmente se tornam bem complicados para quem tem paralisia cerebral.