Um Dia Feliz
Comemoramos o Dia dos Namorados ontem, passando momentos prazerosos num lugar bem romântico. E à noite, Clara me deu a alegria de brincar comigo mais de uma hora, demonstrando que continua se reaproximando de mim.
Diálogo
Há pouco, no carro de Silvia ocorreu mais ou menos o seguinte diálogo quando comecei a acariciar o ombro dela:
– Não põe a mão na mamãe – Clara disse com ciúmes.
– Por que, filha? – Silvia perguntou.
– Papai é safado. Safadinho.
– Aí você tem razão, filha.
A Segurança do Pai III
Vinha pensando que Clara estava deixando de gostar de andar no meu colo enquanto Silvia conduz minha cadeira de rodas. Porém, na terça-feira, ao sair do carro ela falou “adoro o colinho do papai” e fiquei todo derretido.
Ontem à noite, quando Silvia foi buscar sua filha mais velha no colégio, inesperadamente Clara optou por ficar em casa sozinha comigo. Como sempre, essa situação me deixou apreensivo e pensando um monte de besteiras, como “o que farei se Silvia sofrer um acidente de trânsito e for hospitalizada (ou algo pior)?”. Ela não me deu trabalho algum, exceto choramingar no momento em eu quis ir ao banheiro e tive de voltar para seu lado – então percebi que não foi com a mãe por sentir-se segura comigo. Não deixei de notar a contradição entre o medo que tenho nessas circunstâncias e a segurança que passo para Clara.
Entrevista
A fan page de Rodrigo Mule publicou esta entrevista comigo em 26 de abril.
A Segurança do Pai II
Clara fez duas apresentações em festas da escola, no ano passado, e ficou imobilizada de medo da plateia, do que até rimos. Ontem foi a festa junina do colégio e, enquanto esperava para subir ao palco, Clara buscou segurança no meu colo em vez no de Silvia, o que me surpreendeu porque, até então, isso só acontecia na ausência da mãe e já tem consciência da minha vulnerabilidade física – a função psicológica da figura paterna de dar proteção prevaleceu. Dessa vez, Clara enfrentou a plateia e dançou, embora não dê para saber em que medida foi pela segurança que transmiti, pois Silvia fez muitos preparativos – comprou um vestido bonito, conversou com ela, etc.
Reaproximação
Clara voltou a se reaproximar de mim após a viagem a Recife, brincando mais comigo.
Cartas Desconcertantes
Passamos meu aniversário em Recife, minha melhor amiga não pôde ir, o que me entristeceu, mas deu o melhor presente que eu poderia ganhar nas atuais circunstâncias – as cartas que escrevi antes desta ter e-mail e que serão um material precioso para meu livro. Tais cartas começaram em 1989, resistiram a quatro mudanças de endereço desta amiga e me foram devolvidas quando já estávamos no carro, indo ao aeroporto para voltar a Curitiba.
Há seis dias, à noite nossa maior diversão é ler juntos tais cartas, que depois são fotografadas por Silvia e salvas na “nuvem” por mim. Essa leitura tem me despertado uma profusão de sentimentos que muitas vezes não consigo expressar, fico sem saber o que pensar. Para mim, o que mais se destaca é o quanto soube mudar meu modo de ser e de pensar, minhas ideias e atitudes, de acordo com as oportunidades que surgiram – sobretudo a psicoterapia, a difusão da Internet e o sucesso do meu site, em particular com as mulheres, na década de 1990 – e alcançar meus objetivos. Por outro lado, combinando o que lê nas cartas com suas próprias lembranças de quando éramos amigos virtuais, em 2000, Silvia me falou “você costuma conseguir o que quer” – obviamente, com ajuda de familiares, amigos, conhecidos e até estranhos. Sempre rejeitei, critiquei que me atribuam o rótulo de “vencedor”, entre outros, mas agora é assim que me sinto e, para aumentar a ironia, meu primeiro nome – que detesto e não uso – tem justamente este significado. É desconcertante!
Calçando o Pai
Fisioterapia com a Filha V
Normalidade Estranha II
A principal conclusão a tirar do último post pode ser que é preciso vivenciar tudo que pode dar errado no desenvolvimento de uma criança para saber o quanto a “normalidade” é difícil, incomum, e valorizar esta. Talvez supusesse que não poderia gerar, criar e educar uma filha saudável e psicologicamente equilibrada, e um indício disso é a paranoia que tive após seu nascimento, de que ela pudesse ter alguma lesão cerebral. Assim, um dos motivos da minha felicidade por ter Clara é a surpresa com sua “normalidade”.