Recentemente assisti Extraordinário, sobre a entrada na escola de um menino com uma doença genética que deforma o rosto, adora Guerra nas Estrelas, queria ser astronauta e ir à Lua, características que fizeram me identificar com o protagonista. O que mais chamou minha atenção no filme foi abordar as repercussões a doença e seu tratamento nas vidas da mãe, da irmã e da melhor amiga desta – o pai é pouco mostrado. Isso fez reemergir meu sentimento de culpa por ter sugado tanto a energia da minha mãe, desviado a atenção que ela teria dado a meus irmãos noutras circunstâncias e prejudicado o casamento dos meus pais. Após a adolescência, passei a tentar, algumas vezes, faze-la dar mais atenção a eles. Lembro que, na psicoterapia que fiz na década de 1990, a psicóloga me disse que uma criança dificilmente pode ter consciência desses processos, muito menos responsabilidade e que cabia aos meus pais tentar resolver esses problemas, e desde então, sempre que tal sentimento vem à tona, repito raciocínios análogos, mas não consigo expiá-lo.
Sentimento de Culpa
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- Escrito por: Ronaldo Correia Junior