No último domingo, as filhas de Silvia foram para a casa do pai e Clara começou a guardar mais os brinquedos. Junto com experiências anteriores com resultados semelhantes, isso me fez perceber que, quando minha presença se destaca, Clara torna-se mais organizada.
À tarde, enquanto Silvia tentava descansar um pouco no quarto, Clara quis brincar de “casinha” – feita de mesinha, cadeirinha, uma toalha e almofadas – comigo, fazendo de conta que era a “sereia aquática”, personagem do youtuber Luccas Neto, vestindo uma fantasia apropriada e me chamando de “pai sereio”.
Na terça, Silvia a chamou para ir à piscina do nosso condomínio, Clara perguntou algo como “você vai levar meu pai, para ele não ficar triste?” e insistiu por algum tempo. Essa atitude nos surpreendeu, Silvia falou que, pelo jeito, Clara vai querer me levar a todos os lugares, brinquei que até para saltar de paraquedas, me alegrei, mas depois fiquei incomodado com sua preocupação comigo, pois não quero que sinta-se com a “missão” de cuidar de mim.
Fui à piscina no dia seguinte, quando eu estava entrando nesta Clara disse a um vizinho “ele é meu pai Ronaldo”, parecendo já ter consciência da minha mudez, mas também considerando a paralisia cerebral como natural, neutra, e talvez com um tom de orgulho.
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