No Nordeste, o calor é um sofrimento que faz o frio ser um sonho – e sonhos são irracionais! Clara e sua irmã mais velha – a qual raramente adoecia em Curitiba – vêm tendo sucessivas doenças respiratórias e de garganta porque ainda não aprenderam a utilizar direito o ar condicionado e tampouco seus colégios e outros estabelecimentos sabem usá-lo racionalmente, de modo a evitar riscos à saúde. Clara, Silvia e eu tivemos uma infecção estomacal cada e tive duas intestinais – achamos que foi por ainda não termos desenvolvido imunidade contra os micróbios locais. Na última, as duas também adoeceram e tive que optar por ficar sem atendimento médico para Silvia leva-las ao hospital.

Não temos mais empregada, Clara não está mais em período integral no colégio e fica demandando muito Silvia de manhã, o que a leva a acabar exausta quase todos os dias e, em duas ocasiões, a fez ficar acamada – assustado, venho me perguntando “se Silvia precisar ir a uma emergência hospitalar, quem vai leva-la? Se precisar de internação, quem vai a acompanhar? Quem vai cuidar das meninas e de mim?”. Sempre considerei sua expectativa de que o Nordeste nos fosse salutar uma ilusão, mas também não esperava que nossa saúde, especialmente a de Silvia, fosse piorar.

Como eu esperava e temia, o funcionamento do meu plano de saúde em João Pessoa é inferior ao de Curitiba, me tornando mais dependente de Silvia – o maior exemplo é que enquanto lá eu podia pegar a guia da fisioterapia (o atendimento que mais uso) pela Internet, sozinho, embora às vezes tivesse que fazê-lo pessoalmente, aqui isso só é feito presencialmente e tenho que sair de casa duas vezes para obter cada guia, o que implica trabalho e perda de tempo para ela. Outro exemplo de perda de independência é que, no ano passado, fiz amizade com um familiar de Silvia com quem saí muitas vezes sem ela – seu ciúme era uma diversão à parte – e, aqui, não tenho ninguém para tanto.

Pelo que foi dito neste e no último post – no qual me esforcei para não ser negativo –, estamos lutando para não considerar a mudança para Cabedelo um grande erro e às vezes Silvia até pensa em voltar para Curitiba. Apesar de adorar aquela cidade, estranhamente tal ideia ainda não me passou pela cabeça, talvez porque outra mudança será inviável por muitos anos – e fico chateado ao vê-la reclamar de problemas para os quais cansei de avisar e mesmo brigar. Nosso estado de espírito também está sendo afetado pelo surgimento ou agravamento de outros que nada têm a ver com a mudança, como o fim da vida útil do seu carro, a situação dos meus sogros, etc, e é difícil não misturar as coisas. De qualquer forma, a única opção que temos é minimizar ou resolver os problemas e procurar aproveitar o que esta região metropolitana tem de bom.

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